O que é Gestão da Manutenção?

O primeiro passo para entender o que é a gestão da manutenção, é através do entendimento dos conceitos básicos que compõem esse termo. Sendo assim, para entender ao certo o que é a gestão da manutenção, é preciso entender em primeiro lugar o que é a manutenção, e depois, entender também o que é a gestão.

Vamos ao primeiro ponto. Podemos dizer que manutenção nada mais é do que uma função dentro de uma organização, responsável por MANTER as instalações, bem como as suas máquinas e equipamentos (o que chamamos corriqueiramente de ativos físicos), em condições de desempenhar as suas funções requeridas. 

De maneira mais simplificada, podemos dizer que uma organização tem diversas máquinas e equipamentos que são responsáveis por desempenhar funções, e que naturalmente esses ativos quebram. A função da manutenção consiste em reparar esses ativos sempre que as quebras ocorrerem, e além disso, agir de forma preventiva para evitar ao máximo que essas quebras ocorram. Apesar de parecer uma descrição simples, a função em si é bastante complexa, o que elevou a manutenção nos últimos 100 anos de uma simples função realizada por poucos mecânicos, a um departamento todo dentro das organizações, responsável acima de tudo por garantir o aumento do lucro do negócio através da garantia da disponibilidade dos ativos.

Para atingir esse objetivo, a manutenção precisa controlar uma série de processos que visa estabelecer rotinas de serviços, analisar comportamento de ativos, manobrar e dispor equipes de técnicos e mantenedores, coletar e analisar dados e controlar recursos, tudo isso visando garantir a máxima eficiência ao menor custo possível. Tudo isso se torna possível utilizando metodologias que visam administrar essa infinidade de processos, a isso damos o nome de Gestão da Manutenção.

O termo Gestão, significa basicamente dar direção, conduzir, guiar para o atingimento de objetivos. Logo, Gestão da Manutenção pode ser entendido como o conjunto de métodos que são utilizadas pelo setor de manutenção para conseguir atingir as suas metas. 

Para gerir a manutenção com efetividade e alinhamento aos objetivos da organização, duas coisas são extremamente importantes. “Desdobramento de Metas” e “Planejamento e Controle”.

 

Desdobramento de Metas na Gestão da Manutenção.

Geralmente, uma organização não define seus objetivos pensando na disponibilidade ou na confiabilidade das máquinas que utiliza na sua produção. Esse tipo de desdobramento precisa ser realizado pelo próprio setor de manutenção.

Para isso, cabe ao setor entender os objetivos estratégicos da empresa, e posicionar-se em relação a contribuir com esses objetivos.

A imagem ilustra basicamente a função da gestão dentro de uma organização, desdobrando metas estratégicas em metas táticas e operacionais, gerindo a execução de atividades e controlando informações que serviram como base para implantar melhorias no setor.

Na manutenção é exatamente da mesma maneira. O desdobramento de metas é a primeira grande etapa que irá nortear as metas táticas que o setor deverá atingir, metas essas que  servirão como “alvo” para a realização da etapa de planejamento e controle.

Perdas de Tempo Planejadas – Tempo de produção não alocada, pausas e trocas de turno, parada de máquina para manutenção preventiva, setup para troca de linha planejada, Startup da máquina (ligação e ajustes), etc…

 


Planejamento e Controle na Gestão da Manutenção

A manutenção tem o objetivo de manter em perfeito estado produtivo os bens de produção, e para isso, fica claro que apenas reparar esses bens quando eles param de operar está a uma distância imensa desse objetivo. Podemos então deduzir que manter o perfeito estado produtivo, significa manter em produção sempre que necessário.

Além disso, é preciso entender que em um negócio, o principal objetivo é a obtenção de lucro, e as únicas formas de se obter lucro em um negócio é faturando mais (ganhando mais dinheiro) ou diminuindo os custos (gastando menos dinheiro). A manutenção irá trabalhar ativamente nas duas formas de aumento de lucro, garantindo que os bens de produção estarão em pleno funcionamento, para que seja possível faturar mais, e definindo as melhores estratégias para cumprir o seu objetivo, desse modo obtendo um custo menor.

Realizando o cruzamento dos objetivos de uma indústria, por exemplo, com o objetivo da manutenção, podemos definir de forma simples que o objetivo global da manutenção dentro da indústria é garantir o perfeito estado produtivo dos bens de produção ao menor custo possível para a organização. Para isso, é necessário que cada uma das atividades seja planejada visando obter a melhor relação entre intervenção nos bens de produção e custos de realização dessas intervenções.

O cumprimento desse objetivo global só é possível através do planejamento e do controle.

Não é possível obter o melhor resultado, se não houver um planejamento que norteie as ações, tão pouco é possível garantir que as atividades sejam realizadas conforme o planejado, se não houver o controle dessa execução.

Planejar significa interpretar o objetivo e estabelecer os meios necessários para realização desse objetivo com o máximo de eficácia e eficiência. Já o controle consiste basicamente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado.

Podemos traçar um paralelo muito simples para entender esse conceito utilizando a metáfora de um navio no oceano.

Antes de zarpar, para que cumpra sua missão, um navio precisa de um destino. A definição desse destino é papel claro do capitão.

Com um destino em mãos, ainda não se tem o suficiente para iniciar uma viagem, afinal, qual caminho percorrer para chegar a esse destino? Partir do ponto A para o ponto B não é assim tão simples, e pode ser feito de várias formas diferentes, algumas delas podem ser muito mais eficientes, seguras e viáveis que outras, e devido a isso, cabe ao navegador traçar essa rota.

Tudo está pronto para zarpar, já que se tem um destino e uma rota, porém, caso o navio vá ao mar e não controle essa rota, certamente sairá de curso, e cabe também ao navegador acompanhar a bússola, para que a viagem siga conforme planejado.

Nessa metáfora é possível traçar um paralelo muito simples, porém exato, com o funcionamento de um negócio, que tem um objetivo (metas), mas precisa de uma rota (planejamento) para seguir o caminho mais viável e lucrativo e de uma bússola (controle) para que possa monitorar o percurso traçado no planejamento.

 

O Arco da Gestão da Manutenção

Até o momento, foi descrito nesse artigo de maneira global o que é a Gestão da Manutenção, e qual o seu papel dentro de uma organização, agora, não basta dizermos de maneira resumida que gestão da manutenção consiste em desdobrar metas, planejar e controlar as atividades.

A função de manutenção tem a sua atividade diretamente relacionada a toda a operação, atuando principalmente como função básica de apoio à produção. Para planejar e controlar a manutenção, é necessário conhecer as distintas técnicas utilizadas para intervir no ativo em cada situação. Antes de mais nada, é necessário conhecer os tipos e estratégias de manutenção distintas que podem ser utilizadas. Podemos citar os três principais tipos:

  • Manutenção Corretiva;

  • Manutenção Preventiva; e 

  • Manutenção Preditiva / Controlada.

Para saber mais sobre os tipos de manutenção, as suas diferenças e o momento certo de utilizar cada uma delas, leia o artigo “Entenda de Uma Vez Por Todas a Diferença Entre os Tipos de Manutenção”, clicando no link abaixo:

https://engeteles.com.br/entenda-de-uma-vez-por-todas-a-diferenca-entre-os-tipos-de-manutencao/

A determinação de estratégias está diretamente relacionada também a uma realização de análise de comportamento de falhas, de priorização de ativos através da definição de criticidade, de estudos probabilísticos sobre o comportamento dos ativos com o passar do tempo, dentre outros fatores importantes que devem ser geridos.

Além disso, é necessário realizar interface direta com outros setores da organização além da produção como suprimentos, estoques, tecnologia da informação, para garantir o suporte a função manutenção. 

Conforme já foi citado nesse artigo, há de se dizer que um dos grandes objetivos da manutenção é garantir o menor custo possível para manter os ativos em condição de desempenhar sua função, portanto a gestão da manutenção repousa também na gestão financeira do negócio.

Com isso, é possível dizer que gerir a manutenção com excelência consiste em gerir uma série de interrelações que fazem possível a aplicação das estratégias preventivas e preditivas do setor. Esses fatores são mostrados de uma maneira muito interessante por Nyman e Levitt em seu livro “Maintenance, Planning , Coordination and Scheduling”, publicado em 2001. Os fatores são esquematizados em formato de Arco da Gestão da Manutenção.

A proposta então determina que a gestão da manutenção fundamenta-se necessariamente em 6 grupos denominados (1) Base, (2) Informações, (3) Controle Operacional, (4) Manutenção Centrada em Confiabilidade, (5) Organização e (6) Placar de Controle.


Considerações finais

A função de manter ativos é vital para a saúde da operação, isso é um fato. Outro fato é que as operações estão cada vez mais robustas, mais automatizadas e mais informatizadas. Com isso a manutenção evolui a cada dia, e consequentemente a gestão da manutenção também segue essa evolução.

Gestão da manutenção consiste em um esforço que visa direcionar as atividades conjuntas de diversas vertentes, afim de manter ativos desempenhando suas funções por períodos prolongados, intervindo de maneira cada vez mais discreta na rotina da operação e garantindo o máximo aproveitamento das máquinas e equipamentos com o menor custo possível para uma organização.

 
 

Sobre o Autor

ciclo pdca

Autor do livro Manutenção Centrada em Qualidade, Danilo Romão, atua como gestor de indústria, principalmente na área de qualidade, desde 2012. Durante esse período, liderou diversos projetos de implantação e manutenção de sistemas de gestão de qualidade para obtenção de certificação ISO9001 e em portarias de comércio de eletrônicos, emitidas pelo INMETRO.

Há 5 anos, auxilia diversas empresas de pequeno porte, principalmente do ramo de automação residencial, a gerir melhor os seus processos, controlar sua contabilidade e aumentar a sua produtividade. Desde 2018, ocupa o cargo de gerente operacional da ENGETELES, realizando consultorias a grandes indústrias de diversos seguimentos, dando palestras, publicando artigos e ministrando cursos de capacitação profissional em diversas áreas da gestão de manutenção industrial.

 

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Danilo Romão

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