Priorização de Serviço de Manutenção utilizando a Matriz RIME

Como você agenda as suas tarefas de manutenção: considerando a importância do ativo para a operacionalidade da sua infraestrutura ou para cumprir um prazo preestabelecido? Você considera a segurança, os custos e o trabalho que será demandado?

Algumas vezes, esse tipo de decisão não considera fatores lógicos que poderiam aumentar a eficiência e reduzir os custos das manutenções. A matriz RIME, ou Índice de Classificação para Despesas de Manutenção, foi criado justamente para viabilizar a lógica dessas decisões. 

A matriz RIME assemelha-se a uma tabela de multiplicação tradicional. O grande diferencial está na escolha dos rótulos para as linhas e colunas que baseiam o cálculo. Enquanto as linhas da matriz correspondem à prioridade do pedido de trabalho, as colunas indicam a prioridade do ativo. 

Logo, se você escolher uma prioridade de solicitação de serviço; selecionar uma prioridade de ativo; e multiplicar os parâmetros atribuídos para cada um, terá como resultado o índice de prioridade para a criação de uma ordem de serviço de manutenção.

Neste artigo explicamos o que é a matriz RIME e outras informações sobre essa ferramenta. Veja a seguir:

  • Afinal, o que é a matriz RIME?
  • Qual a importância de uma gestão de manutenção eficiente?
  • Quais elementos integram a matriz RIME em um programa de manutenção eficaz?
  • Como calcular a matriz RIME?

Assista ao vídeo matriz RIME: como priorizar atividades de manutenção corretamente em três passos infalíveis!

Afinal, o que é a matriz RIME?

A matriz RIME é uma ferramenta que associa dois fatores para a determinação de um ranking de importância das manutenções. 

Existem várias ferramentas usadas para definir as prioridades na gestão de manutenção. Um sistema de prioridade que supera possíveis deficiências deixadas por outras ferramentas foi desenvolvido e protegido por direitos autorais em 1964 por Albert Ramond and Associates, Inc., uma empresa de consultoria estadunidense.

A matriz RIME — acrônimo para Ranking Index for Maintenance Expenditures, ou Índice de Classificação para Despesas de Manutenção não é de fácil apuração, exceto para empresas de maior porte, embora, posteriormente, a ferramenta tenha sido simplificada para que pudesse ser amplamente usada. 

Numa aplicação prática e útil, o índice de criticidade é determinado em uma escala que, geralmente, varia de um a três — conforme a rotulagem da matriz de criticidade dos equipamentos — e os tipos de serviço de manutenção, que geralmente varia de um a dez. Por esse motivo, o resultado da multiplicação mais crítica tem o valor de 30 pontos.

 

 

Ao ser usada em estruturas cujas operações são mais complexas, empresas de maior porte e com um maior número de ativos, por exemplo, a ferramenta incorpora outros fatores no eixo vertical, relacionados ao índice de criticidade dos ativos, o que resulta em um índice mais urgente de 100 pontos. 

Ao multiplicar os valores, obtêm-se o número RIME. Para assegurar a eficácia da metodologia, os fatores de manutenção e as devidas criticidades devem ser bem definidos previamente pela equipe técnica de gerenciamento de manutenção e produção.

Quanto maior for o número RIME, maior é a urgência para se realizar a tarefa.

Qual a importância de uma gestão de manutenção eficiente?

A efetividade de qualquer organização é limitada a dois recursos: capital e mão de obra. Em todos os processos é necessário investir dinheiro ou trabalho, entretanto, ao fazê-lo, é preciso estabelecer prioridades, uma vez que não há possibilidade de potencializar um recurso sem inviabilizar o outro.  

Na gestão de manutenção não é diferente: os profissionais responsáveis definem prioridades para que um equipamento mais crítico receba uma parcela maior de investimento, de forma a preservar ao máximo o trabalho e os custos operacionais.

Isso significa que, ao criar um sistema de prioridades para reger um plano de manutenção, a empresa evita paradas não previstas, que além de gerarem gastos com manutenção corretiva se tornam um custo de oportunidade para o negócio.

Uma manutenção adequada aumenta a eficiência da infraestrutura, pois as máquinas operam próximo de sua capacidade nominal, exige um menor investimento, tanto na aquisição de novos ativos quanto no consumo dos equipamentos e ainda evita perdas, seja de horas que estariam ociosas se a equipe de operação necessitasse esperar a manutenção, seja de insumos. 

Ainda podemos ressaltar outras vantagens para a utilização da Matriz RIME:

  • aplicabilidade em todas as tarefas de manutenção;
  • garantia da eficiente priorização das atividades;
  • auxílio na programação de rotinas;
  • documentação dos serviços de manutenção;
  • otimização do desempenho;
  • melhoria no tempo de resposta para cada prioridade de ordem de serviço.

Quais elementos integram a matriz RIME em um programa de manutenção eficaz?

Existem elementos que integram qualquer programa de manutenção eficaz: 

  1. objetivos claros e desafiadores; 
  2. programa de controle de estoque;
  3. métodos de controle de inventário;
  4. sistema eficiente de planejamento de manutenção;
  5. sistema de controle de ordens de serviço;
  6. sistema de informação para registrar os processos;
  7. sistema de informação para documentar os progressos obtidos na gestão de manutenção.

Para construir um sistema eficiente de planejamento e manutenção é necessário estabelecer os objetivos principais da ferramenta. 

Esses objetivos devem incluir conformidade, treinamento, controle de custos, financiamento de capital, relação com o cliente, classificação dos equipamentos e a classificação do trabalho de manutenção.

A matriz RIME determina parâmetros de controle e monitoramento para cada tipo de equipamento que integra a infraestrutura e toda a classe de trabalho exigida no processo de manutenção.

Para cada um deles, é atribuído um índice em uma escala de um até a quantidade de fatores considerados para a classificação de prioridade. A seguir, você confere algumas características que devem ser consideradas sobre a sua infraestrutura.

Índice de Criticidade dos Equipamentos

Em relação ao nível de criticidade:

  • o equipamento pode desligar toda a infraestrutura?
  • limita a produção geral?
  • fecha apenas uma linha de produção?
  • tem ou não reserva de peças sobressalentes?
  • é móvel?
  • já foi classificado como crítico e poupado a partir de uma manutenção?
  • é um equipamento de suporte e nunca foi revisado?
  • nunca foi revisado?
  • já foi revisado?
  • é usado com pouca frequência?
  • a parada desse equipamento traria consequências mais sérias para empresa, como um acidente de trabalho ou a contaminação do ambiente?
  • esse risco está limitado à infraestrutura da empresa ou afeta a comunidade ou local onde a infraestrutura está inserida?
  • quão sério seria o nível da perda se ela estivesse relacionada à apenas os insumos e o tempo de operação?
  • há um alto índice de refugo na produção?
  • ela produz com a máxima qualidade esperada pelos clientes?

Essas e muitas outras questões devem ser consideradas no eixo vertical, referente ao índice de criticidade dos ativos. 

Para facilitar a criação da matriz RIME, muitas empresas utilizam os dados de uma outra ferramenta já usada na gestão de manutenção, a matriz de criticidade dos equipamentos, que classifica os ativos quanto à segurança, confiabilidade, custo, manutenibilidade, frequência e outros aspectos relacionados à manutenção e sobre o qual já falamos aqui no blog.

Classe de Trabalho e Manutenção

Essa classificação é atribuída conforme os seguintes requisitos:

  • integridade / segurança / regulamentação;
  • conformidade, produtividade ou perda de qualidade;
  • potencial quebra;
  • manutenção preventiva;
  • condições adversas de trabalho;
  • desligamento planejado;
  • manutenção geral;
  • proteção da infraestrutura;
  • redução de custos;
  • equipamentos e peças de backup.

Logo, no eixo horizontal, a equipe de gestão de manutenção escolhe quais desses requisitos serão considerados. Ao final, no rótulo de cada coluna, serão atribuídos rótulos (apenas em relação ao processo de manutenção) como:

  • potencial risco de vida ou saúde do trabalhador;
  • vazamento e emissões de contaminantes;
  • lesões leves e controláveis;
  • falha funcional;
  • manutenção preventiva ou preditiva;
  • manutenção corretiva programada;
  • projetos de melhoria e segurança;
  • redução de custos de operação e manutenção;
  • manutenção estética;
  • rotinas e limpeza.

Como calcular a matriz RIME?

Conforme falamos, a matriz RIME é formada por dois eixos, compostos por fatores relacionados ao índice de criticidade dos ativos e ao índice de criticidade dos serviços de manutenção. Cada fator deve receber um valor, que eleva ou diminui o nível de prioridade para a ordem de serviços. 

O resultado da multiplicação entre o maior valor das linhas com o maior valor das colunas será o nível de criticidade mais alto, que demanda maior urgência na manutenção.

Por exemplo, se você adotar dez diferentes níveis de criticidade de ativos e dez níveis para a classe de trabalho, o valor mais alto será 100 (10×10). Já se adotar três níveis de criticidade de ativos (conforme a matriz de criticidade dos equipamentos) e dez níveis para a classe de trabalho, o valor mais alto será 30 (3×10).

Dessa forma, você pode escolher quantos fatores julgar conveniente, mas lembre-se que quanto mais elementos a serem analisados, mais complexo será o processo de determinação da matriz RIME.

O número RIME é obtido quando o código de criticidade da máquina (prioridade do ativo) é multiplicado pelo código de classificação do trabalho (prioridade do procedimento). Esse valor fornece a prioridade para o agendamento do reparo e é exibido na ordem de serviço como prioridade da Ordem de Serviço.

Veja abaixo, a equação simplificada que embasa o cálculo:

RIME = TS x CA

Onde TS é o Tipo de Serviço e CA o índice de Criticidade do Ativo. Quanto maior o número RIME obtido nesse cálculo, maior será a prioridade para execução da manutenção.

Na sequência, será necessário definir valores mínimos e máximos para a realização da manutenção. Por exemplo, se o número RIME está compreendido entre 20 e 30 (caso você utilize um eixo horizontal de 10 fatores e vertical com 3 fatores cada), a prioridade de manutenção será imediata.

Ainda nesse exemplo, e considerando uma matriz 3 por 10 (3×10), você poderá adotar os seguintes prazos para realizar a manutenção:

 

Esses prazos são apenas uma referência para que você estabeleça da melhor forma a sua classificação. O tempo de manutenção também está associado às especificidades do negócio, pois precisa considerar o tipo de equipamento que integra a infraestrutura e a sua urgência de disponibilidade.

Outra dica interessante que deve ser adotada na determinação da sua matriz RIME é a incorporação de um segundo sistema de controle, que aumenta o número RIME após uma ordem de serviço atingir um determinado prazo, um mês, por exemplo. 

Isso ajudará a garantir que o trabalho de manutenção eventualmente seja concluído, mesmo para itens não críticos. 

Por exemplo, passada 1 semana do prazo estabelecido para um determinado equipamento, será necessário acrescentar 5 pontos na linha ou na coluna da matriz referente a ele para que o número RIME também aumente e, consequentemente, o índice de criticidade de manutenção, conforme a tabela a seguir:

  • 1 semana: + 0 pontos;
  • 2 semanas: + 5 pontos;
  • 3 semanas: + 7 pontos;
  • 4 semanas: + 10 pontos;
  • 5 semanas: + 12 pontos;
  • 6 semanas: + 15 pontos;
  • 7 semanas: + 17 pontos;
  • 8 semanas: + 20 pontos;
  • 9 semanas: + 22 pontos;
  • 10 semanas: + 25 pontos;
  • 11 semanas: + 27 pontos;
  • 12 semanas: + 29 pontos.

Obviamente, o acréscimo de pontos também pode variar conforme as especificidades da empresa. 

Como o índice nem sempre fornecerá a prioridade correta, os engenheiros de manutenção devem ter autoridade para alterar os fatores considerados, além de supervisionar possíveis desvios ou falhas.

A priorização do serviço de manutenção pode aumentar a eficiência das operações, garantir maior disponibilidade à infraestrutura e, principalmente, reduzir custos gerados com a adoção de critérios intuitivos e não lógicos para determinar o índice de criticidade dos ativos. 

A Engeteles produziu um vídeo sobre a matriz RIME. Caso você ainda tenha dúvidas sobre a composição e operacionalidade da ferramenta, acesse o conteúdo e veja como adaptar as informações à estrutura da sua empresa.

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Jhonata Teles

Jhonata Teles é profissional certificado internacionalmente pela SMRP – Society Maintenance & Reliability Professionals, na categoria CMRP – Certifield Maintenance & Reliability Professional.

Especialista em Gestão, Planejamento e Controle de Manutenção, Analista de Vibração com certificação Nível 2 pela FUPAI e certificação internacional pela Instituição Canadense Mobius Institute, especialista em Lubrificação Industrial com certificações internacionais MLT-1 e MLA-1 pelo ICML – International Council of Machinery Lubrication.

Possui mais de 12 anos de experiência em indústrias de grande porte, sempre dedicados a Gestão da Manutenção, PCM e projetos de Confiabilidade Industrial. Atuou como Analista de Vibração, Consultor Técnico, Supervisor de PCM, Coordenador e Gerente de Manutenção em indústrias dos segmentos alimentício, higiene e limpeza, químico, metalúrgico e cimenteiro.

Autor dos livros e métodos de capacitação: Planejamento e Controle da Manutenção DESCOMPLICADO ®, Bíblia do RCM e Gestão de Paradas de Manutenção.

Como Diretor de Operações da ENGETELES já liderou mais de 300 projetos de consultoria no Brasil e em seis países, além de ter capacitado mais de 10.000 profissionais na área de Gestão da Manutenção.

Artigos: 93