Entender e controlar todos os tipos de disponibilidade industrial é um diferencial que coloca o gestor de manutenção a frente de outros profissionais concorrentes do mercado, pois lhe dá uma visão de 360º graus em relação ao desempenho dos ativos, e dos fatores de perda de tempo produtivo que estão ou não relacionados com a área de manutenção.

Para entender um pouco mais sobre os tipos de disponibilidade, suas diferenças e como podem ser controlados, preparamos esse artigo completo para você.

Para começar, se faz necessário recorrer a orientação normativa para entender o que é disponibilidade. O material brasileiro mais completo e confiável em relação a esse tema é a norma técnica NBR 5462 – Confiabilidade e Mantenabilidade (Terminologia). Essa norma, traz de maneira detalhada os significados dos principais conceitos relacionados a manutenção e seus indicadores.

Disponibilidade segundo a NBR 5462

 

O conceito de disponibilidade pode ser muito amplo, e aparentemente simples de ser entendido. Obviamente a disponibilidade está relacionada ao momento em que um ativo (uma máquina ou equipamento) está ou não disponível. Contudo, quais os momentos que podem ser de fato considerados como tempo disponível? O momento em que uma máquina está parada por quebra, é um momento indisponível? E se ao invés da quebra, ela parar por falta de material, nesse caso ela estaria disponível ou não?

Para entender esses tipos de disponibilidade, devemos primeiro recorrer ao conceito de disponibilidade mais primitivo da norma. A NBR 5462 traz:

Além do conceito, para facilitar ainda mais a interpretação, a norma traz um esquema que ilustra a diferença entre a disponibilidade e a indisponibilidade.

 

A imagem ilustra muito bem, que, segundo a norma, tanto a disponibilidade quanto a indisponibilidade é dividia em estados distintos. Para entender o que é tempo disponível e o que é tempo indisponível, precisamos entender cada um desses estados.


Diferentes estados de disponibilidade.

 

# Estado de Prontidão – O estado de prontidão é caracterizado pelo momento onde a máquina está funcionando e pronta para ser operanda dentro do expediente, contudo, não tem produção planejada para aquele momento. Por exemplo, toda a produção do mês já foi concluída e não há mais nenhum programação de ordem de produção para o período. A máquina está pronta para produzir a qualquer momento que for requerida, por isso o nome estado de prontidão.

# Estado Livre – Muito similar ao estado de prontidão, contudo, esse ocorre no momento em que não há expediente na empresa. Por exemplo, a empresa atua das 08:00 h às 20:00 h. A partir das 20:01 h, a máquina permanece em estado livre, com a fábrica fechada, até as 07:59 h.

# Estado de Ocupação / Operação – Momento em que a máquina está efetivamente disponível e operando a todo vapor.

# Estado de Incapacidade por Razões Externas – Nesse estado, entram os momentos em que motivos extraordinários não relacionados à máquina a impedem de operar. O melhor exemplo para isso é quando acaba a matéria prima, e a máquina está disponível, pronta para operar, mas incapaz devido a um fator externo. Perceba que nesse caso, mesmo com a máquina parada, ainda sim ela continua se enquadrando no estado de disponibilidade (porém, incapaz de produzir).

 

Diferentes estados da indisponibilidade.

# Sujeito a Manutenção Preventiva – Momento em que a máquina poderia estar disponível, mas, por um razão estratégica, optou-se por paralisar a máquina para realizar uma manutenção planejada. Se enquadram nesse estados todas as paradas relativas a inspeção da máquina, limpeza, substituição de componentes, lubrificações ou manutenção preditiva instrumentada.

# Em Pane – Esse é o estado mais característico da máquina onde a manutenção é convocada a atuar. Quando ocorre uma falha em um ativo e ele permanece incapaz de realizar suas funções. Esse estado é revertido apenas mediante mantuenção corretiva.

Se você quiser entender melhor sobre os tipos de manutenção e sua utilização, basta clicar no link abaixo e ler o artigo:

https://engeteles.com.br/entenda-de-uma-vez-por-todas-a-diferenca-entre-os-tipos-de-manutencao/

Entenda de Uma Vez Por Todas a Diferença Entre os Tipos de Manutenção

 

Contudo, além de entender o conceito da disponibilidade, vale lembrar que nem toda a disponibilidade está diretamente atrelada ao setor de manutenção, por isso, a melhor estratégia é dividi-la em tipos de disponibilidade

Tipos de Disponibilidade Industrial.

 

A disponibilidade, como já dissemos nesse artigo, está relacionada ao tempo que uma máquina está disponível para produzir. Por isso, é interessante, utilizar todos os tipos de disponibilidade para entender onde está se perdendo tempo produtivo.

Os tipos de disponibilidade são:

# Disponibilidade física – É todo o tempo disponível dentro do turno da empresa. Se a empresa opera 24 horas por dia, então a disponibilidade física diária é exatamente essas 24 horas.

# Disponibilidade Inerente – Tempo disponível levando em conta apenas o momento em que o equipamento não estava em pane. Em outras palavras, podemos dizer então que a disponibilidade inerente é igual a disponibilidade física subtraída dos tempos em que o equipamento necessitou de manutenção corretiva.

#Disponibilidade Operacional – Essa disponibilidade leva em conta todos os tempos em que a máquina ficou parada para manutenção corretiva, preventiva, setups, dentre outros motivos relacionados a operação.

Usualmente, para monitorar o seu desempenho, dentre todos os tipos de disponibilidade, a manutenção leva em conta apenas a disponibilidade inerente, pois esse indicador demonstra diretamente a eficiência da manutenção em evitar as falhas funcionais.

Em alguns casos, a manutenção pode observar também a disponibilidade operacional para entender se está gastando muito tempo com manutenções planejadas, contudo, não é muito comum.

Aprenda a calcular os tipos de disponibilidade.

 

Calcular as disponibilidade pode ser uma tarefa um pouco complexa, pois monitorar constantemente, com um cronometro, todos os tempos em que a máquina esteve operando ou parada, é inviável. 

Por isso, existe um método simplificado para calcular a disponibilidade inerente, entendendo assim o desempenho dos ativos, e consequentemente da área de manutenção.

Para isso, precisaremos entender dois indicadores básicos, chamados MTBF e MTTR.

# MTBF – Tempo médio entre falhas, dado pelo tempo total de operação de uma máquina dividido pelo número de falhas. Por exemplo, uma máquina operou 8.000 horas, e apresentou nesse tempo duas falhas, logo o MTBF é de 4.000 horas.

# MTTR – Tempo médio para reparos, dados pelo tempo total em que uma máquina ficou parada para manutenção corretiva, dividido pelo número de reparos realizados. Por exemplo, se uma máquina teve duas falhas funcionais e ficou 16 horas em reparo, logo o MTTR é de 8 horas.

Com essas duas informações, é muito simples calcular a disponibilidade inerente:

 

 

Viu como é fácil entender e calcular os tipos de disponibilidade industrial? Vale a pena lembrar que a disponibilidade industrial é um indicador estratégico da manutenção, e é o principal termômetro da saúde dos ativos de uma empresa.

Se você quiser saber mais sobre esse tema, ative o lembrete para acompanhar essa aula incrível sobre o tema, que acontecerá no dia 22/08/2022 às 19h30. É só clicar no link abaixo:

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