11 passos para atingir a WCR – Confiabilidade de Classe Mundial

Atualmente na rotina das industrias se discute mais e mais ferramentas para alcançar níveis de considerados de “Classe Mundial”, ou simplificando, “Níveis de Excelência”. Isso se aplica praticamente para todos os setores de uma industria: manutenção, produção, qualidade, segurança e afins. Todos eles tem parâmetros pré-definidos, que se alcançados, farão com que o setor se enquadre nos padrões “World Class”.

Vamos discutir aqui o tema WCR – Wolrd Class Reability, ou em português, CCM – Confiabilidade de Classe Mundial. Iremos abordar pela ótica do setor de manutenção industrial, tendo em vista que o tema confiabilidade também engloba fortemente os setores de produção e qualidade.

Confiabilidade é a probabilidade de um ativo (ou um grupo de ativos) desempenhar sua função sem erros ou falhas, sob as condições corretas (definidas em projeto) em um determinado período de tempo.

1 – Montar uma equipe de multiplicadores que seja o front do projeto

O primeiro passo a se tomar em qualquer projeto é definir o mais importante: as pessoas que o conduzirão. Um projeto desse porte deve ser conduzido por um time extremamente alinhado, com características de liderança e persuasão para que possam cativar e incentivar os demais colaboradores a buscar o objetivo comum: Elevar os índices de confiabilidade aos padrões WCR.

A equipe não precisa necessariamente ser composta apenas por pessoas que ocupam cargos de liderança e chefia, mas deve ser composta de pessoas de alta bagagem técnica, comprometidas com metas e que tenham características naturais de um multiplicador, que basicamente são:

  • Educam pelo exemplo;
  • Sabem reduzir a resistência a novas metodologias;
  • Visão holística;
  • Habilidade em ouvir e transmitir mensagens;

 

2 – Antes de impor metas, divulgue os ganhos

Nesse passo vamos trabalhar com base na tática de negociação “ganha-ganha”, ou seja, antecipar possíveis questionamentos e conflitos que possam surgir durante a execução do projeto. Essa tática é uma velha conhecida do pessoal comercial e é amplamente usada na administração de conflitos.

Resume-se basicamente no seguinte: Primeiro mostre o que a pessoa pode ganhar, depois diga o que ela tem que fazer.  Esse ato desperta naturalmente o instinto “ambicioso” do ser humano, fazendo que ele pense primeiro nos ganhos e depois nos esforços.

Mensure e divulgue os ganhos tangíveis e diretos, como: produção, faturamento e consequentemente um aumento no PLR, bônus anual ou qualquer outro benefício que esteja relacionado a metas;

Mensure e divulgue os ganhos intangíveis e indiretos, como: melhoria na produtividade, melhor ambiente de trabalho, etc.

3 – Defina as metas

Como estamos abordando pela ótica do setor de manutenção, vamos falar apenas das principais métricas desse setor. Para conseguirmos a confiabilidade integral de um ativo, temos que garantir que o setor de manutenção alcance as metas abaixo:

  • Cumprimento do plano de manutenção preventiva deve ser maior que 90%;
  • Volume de horas extras deve ser menor que 5%;
  • Cumprimento do plano de manutenção preventiva deve ser igual a 100%;
  • Trabalhos realizados com ordem de serviço devem ser igual a 100%;
  • Disponibilidade dos equipamentos deve ser maior que 90%;
  • Produtividade dos equipamentos deve ser maior que 90%;
  • Eficiência Global do Equipamento deve ser maior que 77%.

4 – Faça um benchmarking e ajuste suas metas

Os padrões world class não são  fáceis de se alcançar, mas também não são impossíveis. Se a sua empresa não tem uma cultura de manutenção sólida e bem definida, provavelmente os seus indicadores atuais não são nada animadores. Se estipularmos metas muito distantes do nosso cenário atual, é comum que os coloradores desanimem um pouco no início, então ajuste suas metas!

Faça uma pesquisa em outras empresas do mesmo seguimento e descubra como estão os indicadores de seus concorrentes, com base nesse números va ajustando as suas metas constantemente.

5 – Acompanhe os resultados mês a mês

“O que não se mede, não se gerencia!”

Talvez essa seja a frase mais autêntica dos últimos tempos. Acompanhe a evolução dos índices mês a mês, crie planos de ação para atacar os pontos fracos e identifique oportunidades de melhorias sobre os pontos fortes.

Na medida que os índices evoluírem, ajuste suas metas. Em um curto período você pode sugerir para que todos os envolvidos no projeto olhem para trás, lá no início, para aqueles primeiros gráficos magrinhos e vejam que houve uma evolução e logo eles, perceberão que estão no CAMINHO CERTO!

Quer algo mais motivador?

6 – Analise as falhas e os modos das falhas (FMEA!)

FMEA (failure mode and effect analysis) é uma ferramenta usada para aumentar a confiabilidade de um certo produto durante a fase de projeto ou processo. A ferramenta consiste basicamente em sistematizar um grupo de atividades para detectar possíveis falhas e avaliar os efeitos das mesmas para o projeto/processo.

7 – Padronização é essencial

Adote um padrão para todas as tarefas, documentos e processos que serão repetitivos no projeto. Isso é fundamental para que evitar erros e também para um trabalho mais dinâmico, já que as pessoas irão se acostumar a seguir os padrões.

8 – Comunicação é excepcional

A comunicação está entre os principais pontos que precisam de atenção em um projeto, ainda mais um projeto desse porte. Crie canais de comunicação eficientes, encoraje encontros e reuniões e certifique-se constantemente se a informação está sendo disseminada do mesmo modo em diferentes níveis hierárquicos.

10 – TREINE as pessoas

Não existe melhoria de processos sem o desenvolvimento das pessoas. Por isso, monte um cronograma de treinamentos sobre todos os temas pertinentes ao projeto e certifique-se que depois de treinadas as pessoas realmente desenvolveram a habilidade necessária. Caso contrário, repita o processo com quem tiver mais dificuldade e procure outras didáticas.

É de extrema importância esse passo. Pois ele influência diretamente na motivação das pessoas perante ao projeto. Se alguém não sabe fazer algo e não tem o quem ensine, as chances da tarefa cair na zona da procrastinação é muito grande

11 – Coloque o PDCA em pratica

A ferramenta PDCA é incrível e traz resultados fantásticos se usada da maneira correta. Tire do papel todos os conceitos que você viu nos livros e sites. Acredite, eles funcionam!

1º Planeje – de acordo com as metas expostas e os recursos estabelecidos;

2º Faça – aquilo que foi planejado;

3º Confira – se o que você fez foi eficaz e encontre pontos de melhoria;

4º Ação! – Atue sobre os pontos de melhoria que você encontrou e os corrija.

Depois…

REPITA TODOS OS 10 PASSOS ACIMA!

A busca pela Confiabilidade de Classe mundial não é algo fácil e ninguém nunca disse que seria, mas também, NÃO É ALGO IMPOSSÍVEL!

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Jhonata Teles

Jhonata Teles é profissional certificado internacionalmente pela SMRP – Society Maintenance & Reliability Professionals, na categoria CMRP – Certifield Maintenance & Reliability Professional.

Especialista em Gestão, Planejamento e Controle de Manutenção, Analista de Vibração com certificação Nível 2 pela FUPAI e certificação internacional pela Instituição Canadense Mobius Institute, especialista em Lubrificação Industrial com certificações internacionais MLT-1 e MLA-1 pelo ICML – International Council of Machinery Lubrication.

Possui mais de 12 anos de experiência em indústrias de grande porte, sempre dedicados a Gestão da Manutenção, PCM e projetos de Confiabilidade Industrial. Atuou como Analista de Vibração, Consultor Técnico, Supervisor de PCM, Coordenador e Gerente de Manutenção em indústrias dos segmentos alimentício, higiene e limpeza, químico, metalúrgico e cimenteiro.

Autor dos livros e métodos de capacitação: Planejamento e Controle da Manutenção DESCOMPLICADO ®, Bíblia do RCM e Gestão de Paradas de Manutenção.

Como Diretor de Operações da ENGETELES já liderou mais de 300 projetos de consultoria no Brasil e em seis países, além de ter capacitado mais de 10.000 profissionais na área de Gestão da Manutenção.

Artigos: 93