A gestão de pneus abrange o monitoramento, controle e adoção de boas práticas, tanto de uso quanto de manutenção dos componentes. O objetivo é garantir a integridade e plena operacionalidade dessa parte imprescindível da frota.
Além disso, com uma gestão adequada de pneus a empresa preza pela segurança dos motoristas e operadores das máquinas e viabiliza o maior desempenho da frota ou da unidade fabril, uma vez que esses componentes também são ativos importantes de uma infraestrutura.
A gestão de pneus envolve o uso de dados para predizer o melhor momento de rodízios, trocas e reformas, mas também exige o treinamento dos usuários, pois com a adoção de boas práticas é possível evitar o desgaste, garantir maior eficiência, reduzir os custos e os acidentes, além de obter mais tempo de vida útil para os ativos.
Empresas com frotas próprias tendem a parar o seu fluxo de trabalho caso os veículos não sejam incluídos na gestão da manutenção, assim como ocorre em equipamentos e máquinas utilizadas em sistemas produtivos.
Por isso, neste artigo, falamos sobre o quanto é importante incluir, tanto a manutenção preventiva quanto a manutenção preditiva desses componentes entre as prioridades do seu planejamento de manutenção. Confira o que fazer a seguir:
- Escolha os componentes com sabedoria
- Promova treinamentos contínuos para a equipe de trabalho
- Adote uma rotina de monitoramento
- Faça a troca dos pneus no momento mais oportuno
- Adote a inspeção dos pneus com defeito ou em fim de vida
- Faça a manutenção preditiva dos pneus
Escolha os componentes com sabedoria
Essa dica pode parecer simples, a escolha dos componentes deve ser o primeiro passo para um programa de gestão de pneus adequado. Procure um fornecedor confiável e marcas já conhecidas, tanto para compra de pneus novos, quanto de recauchutado.
Ao selecionar os pneus, considere fatores como o tipo de veículo ou equipamento, as indicações do fabricante, peso suportado e o tempo de vida útil, pois essas informações têm um grande impacto sobre quais tipos de pneus são mais adequados para a aplicação ou trabalho que será realizado.
Confira os dados do produto
Um dado que deve ser sempre acompanhado é a data de vencimento dos pneus. O prazo para que as condições de qualidade sejam mantidas varia de acordo com o fabricante, mas geralmente é de cinco anos.
Desde de 2018 está em vigor o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cuja resolução foi regulamentada pelo Inmetro por meio da Portaria 544/2012.
O PBE exige que todos os pneus sejam comercializados com a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), que informa, de modo bastante intuitivo, a resistência ao rolamento, aderência em pista molhada e o ruído externo produzido pelos componentes.
Resistência ao rolamento
A resistência ao rolamento está diretamente relacionada à eficiência energética do veículo, uma vez que mede a energia absorvida durante a rodagem dos pneus.
Quanto menor for a resistência ao rodar, menor será o consumo de combustível e, consequentemente, menor será a emissão de CO2 e a degradação ambiental. São seis níveis, desde o F, menos eficiente, ao A, mais eficiente.
Aderência em pista molhada
A aderência em pista molhada, conforme o nome sugere, indica o desempenho nos pneus em locais molhados. O resultado é determinado pela capacidade de frenagem em pistas nessas condições e o índice varia entre o E, menos eficiente e o A, mais eficiente.
Ruído externo
Indica o nível do ruído produzido pelos pneus em decibéis (dB). A poluição sonora também é uma preocupação nas grandes cidades e o limite máximo estabelecido para um produto de qualidade deve ser de 75 dB para pneus de veículos de passeio, 77 dB para pneus de veículos comerciais leves e 78 dB para pneus de caminhões e ônibus.
Uma vez que os pneus apropriados tenham sido selecionados, é importante atentar para o tamanho certo. Não escolha bandas de rodagem ou alturas incompatíveis com o veículo ou equipamento, pois isso também influencia diretamente a capacidade de carga e desempenho do produto.
Pneus paralelos com uma diferença de diâmetro podem causar uma tensão irregular no eixo, o que fará com que um deles tenha um atrito maior com a superfície para suportar o peso sobressalente. Isso, por sua vez, aumenta a proporção e a rapidez do desgaste.
Promova treinamentos contínuos para a equipe de trabalho
Invista na educação e nos recursos dos operadores e motoristas que integram a equipe de trabalho — eles devem ser treinados quanto às boas práticas de uso e direção defensiva, segurança e sustentabilidade, por exemplo.
Além disso, amplie o acesso à qualificação aos profissionais de manutenção e se apoie na expertise de engenheiros e mecânicos, pois eles serão responsáveis pela instalação e pelos reparos nos equipamentos.
Além disso, promova uma cultura de manutenção em seu ambiente de trabalho e instrua adequadamente as rotinas de verificação para que todos estejam aptos a analisar a performance ou identificar inconsistências no dia a dia.
Obviamente, será necessário manter um calendário de manutenções preventivas, mas a empresa também deve se preparar para reagir adequadamente aos inúmeros imprevistos possíveis em uma infraestrutura com vários componentes e ativos — e os trabalhadores que lidam diariamente com os processos podem aprender a identificar esses problemas.
Definir e documentar as melhores práticas da empresa para o uso consciente e a gestão de pneus pode reduzir consideravelmente os riscos de danos ou desintegração dos componentes — cada um deve ter, de certa forma, responsabilidade pelos ativos manipulados durante o seu fluxo de trabalho.
Ao reunir sua estratégia de manutenção e treinamento, considere algumas dicas:
- Instrua a verificação de pneus pelo menos uma vez por dia e sempre durante uma inspeção pré-viagem;
- Treine os motoristas sobre como identificar os sinais de falha do pneu e como relatar defeitos com base nas políticas da empresa;
- Exija uma inspeção adicional, logo na próxima parada, caso o veículo trafegue por locais cuja malha viária é de baixa qualidade;
- Eduque a equipe de manutenção sobre como desinstalar, instalar e inspecionar com segurança todos os pneus defeituosos ou danificados;
- Imponha limites de peso e velocidade para os veículos de acordo com as especificações dos pneus.
Adote uma rotina de monitoramento
A rotina de monitoramento é premissa básica para uma gestão de pneus eficiente. Veja algumas boas práticas a seguir.
Pressão dos pneus
A pressão insuficiente ou em excesso dos pneus alteram a área de atrito com a superfície. Esse atrito pode causar a perda de tração, o acúmulo de calor ou maior vulnerabilidade aos cortes, perfurações ou danos — a pressão insuficiente em 20% pode diminuir a vida útil geral do pneu em mais de 30%.
Caso não esteja em contato com a superfície de maneira uniforme, a área da banda de rodagem também pode se desgastar irregularmente, o que fará com que os pneus no geral tenham um desgaste mais rápido.
Calibrar os pneus adequadamente garante que o peso do veículo seja distribuído uniformemente, o que pode maximizar a vida útil da banda de rodagem, fornecer uma resposta de direção mais rápida e aumentar a eficiência de consumo de combustível.
Além disso, pneus com a pressão correta garantem que os veículos e equipamentos operem plenamente com a sua capacidade de carga, o que também reduz os custos com manutenção em longo prazo.
Já que na manutenção da frota, a pressão dos pneus pode ser o grande diferencial de eficiência, faça verificações periódicas nos pneus e inclua os reboques e os medidores de pressão nesse controle.
Outra excelente forma de otimizar o processo de conferência e adição de ar é usar válvulas de fluxo direto nos pneus. Isso dispensa a retirada da vedação a cada demanda, agilizando o processo.
Durante as épocas mais frias do ano é necessário ter ainda mais atenção à pressão dos pneus. Manter um registro das verificações e ajustes pode ajudar a garantir que os componentes recebam atenção e manutenção adequadas.
Alinhamento das rodas
Além do controle da pressão de ar há uma série de estratégias que os gestores de frotas podem implementar para garantir mais tempo entre uma troca e outra dos pneus.
O alinhamento das rodas e do veículo é uma dessas ações — os acionamentos precisam ser paralelos entre si e perpendiculares ao quadro.
Se o alinhamento geral não estiver correto, também acarretará no desgaste irregular da banda de rodagem e a troca precoce do componente.
Mas são as inspeções periódicas que ajudam a descobrir padrões de desgaste irregulares, tanto do veículo quanto do piso, o que pode indicar a necessidade de maior periodicidade no alinhamento para compensar diferenças inevitáveis, principalmente em relação ao terreno.
Ainda é preciso dar uma atenção especial ao processo de montagem do pneu e da roda, para que a rodagem do veículo não seja prejudicada. Como os pneus da direção se desgastam antes, o rodízio pode ser indicado conforme surgirem diferenças entre as bandas de rodagem.
Faça a troca dos pneus no momento mais oportuno
Cada frota tem a sua especificidade, o que exige uma política de manutenção específica, principalmente quando tratamos da troca periódica de pneus. Esse é um custo inevitável, que pode ser adiado com as boas práticas no dia a dia.
Entretanto, em algum momento será necessário trocar o componente. Muitas pessoas têm dúvidas quanto à quilometragem mais indicada para isso. Geralmente, os pneus dos carros de passeio são trocados a cada 40.000 quilômetros rodados, mas isso varia conforme o perfil do usuário e as características do veículo.
Não importa a política de substituição de pneus da sua frota: se a quilometragem definida não for registrada e avaliada, será difícil manter o cronograma. Por isso, é importante ter um sistema para acompanhar as informações pertinentes.
Esses sistemas relacionam os dados de quilometragem à programação das trocas de pneus, assim como todo o tipo de manutenções preventivas e preditivas, de forma rápida e automatizada.
O registro periódico do odômetro de cada veículo favorece o planejamento preventivo das trocas, garantindo ainda a segurança de condutores e demais colaboradores envolvidos nos processos.
Adote a inspeção dos pneus com defeito ou em fim de vida
Essa avaliação pode parecer estranha, mas tem grande validade para a sua política de manutenção em sua gestão de pneus. As informações de componentes inutilizáveis fornecem pistas sobre o que está funcionando e o que não está, destaca melhorias que precisam ser implementadas e pode fornecer uma visão mais abrangente sobre as especificações da frota.
Analise as condições dos pneus em relação às datas estabelecidas para a troca. Eles estão em boas condições ou a substituição aconteceu depois do período necessário? Além da manutenção da pressão de inflação, do alinhamento e do controle dos reparos, veja como estão os gastos e descubra oportunidades de redução de custos.
Por exemplo, um gerente de frota pode descobrir que está gerando despesas excessivas com avarias de emergência. Já sabemos que a manutenção corretiva não é indicada, já onera o fluxo de gastos da empresa. Ao identificar as principais causas desses imprevistos, adote uma abordagem diferente e que mitigue o problema.
Faça a manutenção preditiva dos pneus
A manutenção preditiva é realizada com base em dados da frota, dos usuários e do perfil de uso dos veículos. Essas análises são feitas por meio de tecnologia — equipamentos como ultrassom, análise de vibração, escaneamento de central de injeção eletrônica, testes de bateria, termografia e sistemas de telemetria.
Como os desgastes dos componentes variam em relação a muitos fatores, desde os dados controláveis, como a rotina de uso, quanto questões ambientais e locais, a manutenção preditiva viabiliza o prolongamento da vida útil da peça sem comprometer a segurança ou onerar os gastos da empresa, já que a troca é feita somente quando ocorre a perda de eficiência do componente.
Depois de coletar os dados do pneu é necessário analisá-los. A chave dessa avaliação são as informações fornecidas pelo fabricante, pois essas devem ser a base do comparativo em relação ao projeto e às especificações do produto como tamanho, resistência da lona, idade útil, entre outros.
Além disso, é necessário acompanhar as condições da carcaça, a taxa de decaimento do piso, a distribuição da carga, a pressão e, conforme já falamos, o alinhamento e balanceamento dos pneus e veículos.
Se o problema for diagnosticado com precisão, mudanças e novas práticas podem ser implementadas para corrigir o problema. As condições mais comuns de sucata de pneu incluem, vazamento, infiltração de ar, choque de compressão, danos ao talão, reparos inadequados, danos por impacto e danos relacionados à fadiga.
Agora que você sabe tudo sobre a gestão de pneus, que tal aprender mais um pouco sobre a manutenção preditiva?