Gestão da Manutenção: O Mercado no Brasil. – Parte 2/4

Esse é o segundo artigo de uma série de quatro artigos que trarão o tema: Gestão da Manutenção: o mercado, as oportunidades e os desafios.

Desde 2016 nós estamos conduzindo uma pesquisa através da nossa base de clientes. O objetivo principal dessa pesquisa é mapear o cenário da Gestão da Manutenção sob às óticas do mercado, das oportunidades e dos desafios. 

Até agora foram mais de 200 indústrias de médio e grande porte e 1000 gestores de manutenção entrevistados. Você poderá ver uma amostragem do resultado dessa pesquisa nessa série de artigos.

Portanto, recomendamos fortemente que você veja também a Parte 1 e assista ao vídeo:

PARTE 1 – Gestão da Manutenção: o mercado, as oportunidades e os desafios.

Como as empresas estão tratando a Gestão da Manutenção no Brasil?

Depois de dois anos mapeando empresas e profissionais de Gestão da Manutenção, chegamos a algumas conclusões:

  • Em geral, existe uma boa intenção das empresas e dos gestores, porém há falta de conhecimento em montar e aplicar um método eficiente de Gestão da Manutenção;
  • 83% dos projetos de manutenção não seguem adiante por falta de aprovação de Diretores;
  • 98% dos Diretores (Alta Chefia) não aprovam projetos da manutenção por falta de clareza no Retorno Financeiro (ROI) que o projeto trará;
  • 59% dos projetos de manutenção visando elevar Disponibilidade e Confiabilidade não trouxeram os resultados esperados.

Veja esses e outros dados no vídeo abaixo:

A falta de Gestão da Manutenção pode matar!

mercado da gestão da manutenção

A consequência mais grave da falta de Gestão da Manutenção é a insegurança em que os operadores e funcionários de chão de fábrica são submetidos.

Em 197 empresas foram registrados 587 acidentes com afastamento, onde suas causas foram problemas relacionados a falta de manutenção ou sua negligência, em um período de dois anos.

Utilizando a técnica de Análise de Falhas e Causa Raiz, foram encontradas as seguintes causas:

Equipamentos Fora da NR-12 ou Falha em Algum Dispositivo da NR-12

28% dos acidentes tiveram como causa raiz o não cumprimento de requisitos básicos da Norma Regulamentadora nº 12.

Se houvesse um Gestão da Manutenção ativa, requisitos da NR teriam sido cumpridos e por consequência, acidentes teriam sido evitados.

A falta de proteções em partes móveis, falta de enclausuramento, falta de intertravamento e diversos outros itens foram a causa para cerca de 165 acidentes.

mercado da gestão da manutenção

PCM PLANEJAMENTO E CONTROLE Da MANUTENÇÃO

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Equipamentos Fora da NR-10 ou Falha em Algum Dispositivo da NR-10

35% dos acidentes foram causados por não cumprimento de requisitos da Norma Regulamentadora nº 10. 

Foram registrados 205 choques elétricos que poderiam ter sido evitados se houvesse um política de implantação e manutenção da NR-10.

Dispositivos subdimensionados, erros de execução e painéis elétricos fora dos parões da NR-10 foram os principais agentes causadores evidenciados.

Falta de Procedimentos de Manutenção 

Cerca de 100 acidentes tiveram suas causas ligadas à falta de procedimentos de manutenção.

Toda ação de manutenção deve ter uma instrução por escrito, de forma clara e detalhada, conforme prevê a Norma Regulamentadora NR-1 e o Artigo 157 alínea 2 da CLT.

A falta de clareza na instrução induz o colaborador ao erro e por consequência aos acidentes.

Imprudência, Negligência ou Imperícia da Supervisão Direta

A ausência do Supervisor de Manutenção em campo, a falta de comunicação e proximidade com a equipe, foram responsáveis por 8% dos acidentes.

A figura do Gestor de Manutenção em campo é imprescindível para o bom andamento das atividades de manutenção.

Além de entender e atender as necessidades da equipe, o gestor deve ser como o comandante de uma aeronave: o primeiro a entrar e o último a sair. 

Falta de Conhecimento Técnico Necessário

12% dos acidentes foram causados por falta de conhecimento técnico da pessoa que estava executando a manutenção.

Nesse caso, boa parte dos acidentes também tem como causa a imperícia da supervisão direta e falta de procedimentos técnicos. O colaborador em grande parte dos casos não tem culpa, pois estava apenas cumprindo uma ordem que lhe foi dada.

Nesses casos, fica em evidência a importância de se elaborar a Matriz de Conhecimento, Habilidade e Atitude (famosa Matriz CHA) para os colaboradores da Manutenção.

Uma boa Gestão da Manutenção mantém a empresa de portas abertas!

59% das empresas correram o risco de fechar as portas nos últimos dois anos por problemas ligados à conformidades regulatórias necessárias para o pleno funcionamento do negócio de acordo com as leis e normas vigentes.

Estamos falando apenas de problemas de conformidade regulatória ligados à Manutenção.

A negligência da manutenção em sistemas regulamentados ou até mesmo a falta de conhecimento sobre a necessidade dessas manutenções colocou em risco cerca de 980 milhões de Reais, valor somado das multas e custos com as regulamentações de todas as empresas envolvidas.

  • 73%  enfrentaram problemas com órgãos regulamentadores do Meio-Ambiente;
  • 28% enfrentaram problemas com a ANVISA;
  • 36% enfrentaram problemas com o Ministério do Trabalho;
  • 43% enfrentaram problemas com regulamentações internas impostas por clientes.

A Gestão da Manutenção traz economia de dinheiro!

Além dos problemas de segurança e conformidade regulatória, os problemas de ordem financeira também aparecem como pesadelo das empresas que não possuem uma eficiente Gestão da Manutenção.

31% das empresas tiveram que pagar algum tipo de multa por problemas que poderiam ter sido evitados se houvesse uma Gestão da Manutenção ativa.

São os mais variados tipos de multas, que somadas chegam a quase 600 milhões de reais.

Conclusão

Boa parte das empresas enfrentam problemas sérios ligados à falta de Gestão da Manutenção.  Apesar dos problemas serem repetitivos e graves, percebe-se que há uma falta de conhecimento e sinergia do alto escalão quando se trata das necessidades da empresa sobre a manutenção.

É possível encarar essa situação de forma positiva. Podemos encarar como diversas formas de oportunidade. Existem várias lacunas que podem ser preenchidas com ações básicas, baratas e de curto prazo, tirando a empresa de um cenário reativo e já colocando em um cenário planejado.

O gestor de manutenção que está chegando no mercado agora, se estiver bem alinhado com a filosofia da Indústria 4.0 e entender bem o conceito, se destacará facilmente.

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Jhonata Teles

Jhonata Teles é profissional certificado internacionalmente pela SMRP – Society Maintenance & Reliability Professionals, na categoria CMRP – Certifield Maintenance & Reliability Professional.

Especialista em Gestão, Planejamento e Controle de Manutenção, Analista de Vibração com certificação Nível 2 pela FUPAI e certificação internacional pela Instituição Canadense Mobius Institute, especialista em Lubrificação Industrial com certificações internacionais MLT-1 e MLA-1 pelo ICML – International Council of Machinery Lubrication.

Possui mais de 12 anos de experiência em indústrias de grande porte, sempre dedicados a Gestão da Manutenção, PCM e projetos de Confiabilidade Industrial. Atuou como Analista de Vibração, Consultor Técnico, Supervisor de PCM, Coordenador e Gerente de Manutenção em indústrias dos segmentos alimentício, higiene e limpeza, químico, metalúrgico e cimenteiro.

Autor dos livros e métodos de capacitação: Planejamento e Controle da Manutenção DESCOMPLICADO ®, Bíblia do RCM e Gestão de Paradas de Manutenção.

Como Diretor de Operações da ENGETELES já liderou mais de 300 projetos de consultoria no Brasil e em seis países, além de ter capacitado mais de 10.000 profissionais na área de Gestão da Manutenção.

Artigos: 93